O Motociclista e a Lei
125 musculosos cavalos transmitem a sua força a duas feéricas gomas (galicismo a benefício do efeito literário), apenas refreados pelos 8 mordazes pistões Brembro distribuídos pelos dois enormes discos de 320 mm, e levam-me onde quiser (ou onde o dinheiro para a gasolina me deixar chegar) e eu mantenho frescas na memória as interrogações que Alberto Castro Nunes colocava na Revista K em Março de 1992, numa citação de que nunca me canso (com a devida vénia): "Será que existe algum prazer em andar num veículo que nos congela quando faz frio e nos expõe ao sol quando aperta o calor? E que não se equilibra nas duas únicas rodas que tem, quando parado? Mas que acaba por se aguentar em pé em movimento, por razões que parecem vir apenas de uma sucessão de acasos improváveis? E que oferece um coeficiente absolutamente negativo de segurança passiva e de protecção contra impactos? Que não tem cinto de segurança? Que obriga o uso de capacete quando se circula, e de cabelo oleoso depois? Sobre cuja aderência ao piso quando está molhado é melhor não falar? Sobre cuja aderência ao piso quando este tem óleo é melhor nem pensar? Que está sempre crivado dos mais diversos insectos? Que tem sempre pequenos problemas? E que quando não tem é porque tem grandes? Que obriga sempre a usar camadas de roupa que se tornam insuportavelmente quentes logo que se desmonta? Que, ao contrário do que se julga, não atrai as mulheres, salvo nalguns dias de Verão muito especiais? E que elas acabam sempre por queimar as pernas no escape? E que custa, ao quilo, cerca de quatro vezes mais do que um automóvel pequeno, e não dura nem metade?(...)"
Continua aqui.
125 musculosos cavalos transmitem a sua força a duas feéricas gomas (galicismo a benefício do efeito literário), apenas refreados pelos 8 mordazes pistões Brembro distribuídos pelos dois enormes discos de 320 mm, e levam-me onde quiser (ou onde o dinheiro para a gasolina me deixar chegar) e eu mantenho frescas na memória as interrogações que Alberto Castro Nunes colocava na Revista K em Março de 1992, numa citação de que nunca me canso (com a devida vénia): "Será que existe algum prazer em andar num veículo que nos congela quando faz frio e nos expõe ao sol quando aperta o calor? E que não se equilibra nas duas únicas rodas que tem, quando parado? Mas que acaba por se aguentar em pé em movimento, por razões que parecem vir apenas de uma sucessão de acasos improváveis? E que oferece um coeficiente absolutamente negativo de segurança passiva e de protecção contra impactos? Que não tem cinto de segurança? Que obriga o uso de capacete quando se circula, e de cabelo oleoso depois? Sobre cuja aderência ao piso quando está molhado é melhor não falar? Sobre cuja aderência ao piso quando este tem óleo é melhor nem pensar? Que está sempre crivado dos mais diversos insectos? Que tem sempre pequenos problemas? E que quando não tem é porque tem grandes? Que obriga sempre a usar camadas de roupa que se tornam insuportavelmente quentes logo que se desmonta? Que, ao contrário do que se julga, não atrai as mulheres, salvo nalguns dias de Verão muito especiais? E que elas acabam sempre por queimar as pernas no escape? E que custa, ao quilo, cerca de quatro vezes mais do que um automóvel pequeno, e não dura nem metade?(...)"
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